terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O Triunfo do Materialismo




O materialismo surgiu na história da humanidade como uma forma radical e redutora, por isso limitada, de interpretar a realidade. No materialismo tudo é reduzido ao palpável, ao visível, à sensação, à matéria caótica. Esta forma incompleta de conceber o Universo nasceu a partir do momento em que se estabeleceu uma clara separação entre a realidade pensante e a realidade não pensante. O materialismo sustenta que toda a realidade é de caráter material ou corporal, relegando para segundo plano toda a realidade pensante ou espiritual. A realidade espiritual caracteriza-se pela reflexão, pela força da vontade, pela capacidade intelectual e pelas virtudes morais que qualificam os indivíduos. O materialismo moderno, capitalista e marxista, tem, contudo, raízes longínquas no tempo. É um regresso ao passado, a doutrinas muito antigas que remontam ao tempo de Demócrito e de Epicuro nos séculos IV e III antes de Cristo.

Para além dos materialistas entenderem a matéria como fundamento de toda e qualquer realidade, entendem-na ainda como causa de todas as transformações. Argumentam que a matéria não é só o informe ou o indeterminado, mas também o formado e o determinado, esquecendo e desprezando, assim, a essência e todas as capacidades espirituais que estão na origem das diversas modificações. Obviamente, o materialismo não pode ser alargado ao campo gnosiológico e muito menos até ao campo metafísico.

No movimento sociocultural e político-religioso que foi o Renascimento encontramos o embrião do capitalismo burguês que, combatendo o espírito medieval cristão, implementou o lema “o homem vale aquilo que produz”. Incrementaram-se nesta altura os valores humanistas onde o homem passa a ser o centro do mundo, o egoísmo individualista encontrou, neste movimento revolucionário pré-moderno, terreno fértil para o seu germinar. Combatendo a liberdade da pureza fomentou-se a escravidão do vício; à virtude opôs-se a fama, a moral perdeu valor, o que importava era gozar o máximo possível a vida. Neste ambiente de profundas mudanças axiológicas, a fama surgiu como forma de sobrevivência após a morte. A inversão de paradigma desgraçadamente aconteceu, à caridade medieval opôs-se então, triunfante, a exploração renascentista.

O culminar desta mudança radical de vida extremou-se na revolução francesa de 1789, onde todas as formas de governo são subvertidas. O topo do mal não estava, porém, atingido, do meio da trapalhada e da perda total dos valores eclesiásticos, fundados numa entrega incondicional de amor à humanidade, eis que surge o fantástico criador do materialismo histórico: Karl Marx. A doutrina defendida por Marx e Engels, sustenta que não é o espírito que determina a história, mas que toda a vida espiritual é uma superestrutura da estrutura fundamental das relações econômicas de produção. Como um mal nunca vem só surge mais outro materialista famoso, Augusto Comte, pai do positivismo redutor do conhecimento à experiência e à sensação e fundador da Sociologia, que concebe o materialismo como a explicação do superior pelo inferior. Comte defende que da matéria precede tudo quanto depois vai surgir dela e, de certo modo, atribui à matéria as características do espírito e da consciência. O processo de evolução da matéria é de certo modo livre, e essa liberdade desprende-se do material e acaba forçosamente por se sobrepor a ele.

O materialista, seja capitalista ou socialista moderado, perante dois homens exatamente com a mesma altura, o mesmo peso e a mesma força física, afirmará que está na presença de dois homens iguais. Porém, nada é mais errado, pois a essência desses homens está na sua alma, nas suas ações, na capacidade de amar e de perdoar, está nas virtudes morais: Bondade; Senso de Justiça; Sinceridade; Honestidade; Fidelidade; Lealdade. O materialista, marxista, comunista ou anarquista, vai ainda mais longe e, para além do manifesto desprezo pelo espírito de cada qual, despreza também as capacidades físicas, tornando o ser humano numa massa uniforme.

Desde há algumas décadas que o mundo Ocidental está divido e governado por vários tentáculos do materialismo. Na liderança, com a batuta a orquestrar as mais variadas forças medíocres estão os patrões da comunicação social global e globalizante. Devido à eficácia da propaganda, a troca da felicidade na harmonia da ordem pelo absurdo mito da igualdade teve um preço enorme: massificação; egoísmo; inveja; desenraizamento; desmotivação; alienação; depressão; infelicidade; criminalidade; etc.

Se para explicar a realidade, a existência e os mistérios do mundo, a fé não chega, também é verdade que, só a ciência também não nos garante a mundividência nem nos dá sentido, motivação, conteúdo ou explicação para a vida, não permitindo a plenitude da contemplação. Só a fé e a ciência juntas são o garante do conhecimento total. O materialismo dominante tudo faz para travar a fé cristã ou qualquer outra fé que não tenha por base a fé fanática no absurdo individualismo. Para a psicanálise de Freud, a fé é uma doença psíquica, que mantém a pessoa no infantilismo roubando-lhe a autonomia e a liberdade, tornando-se fonte de neurose e de desequilíbrios psíquicos. Nada mais errado, a fé liberta os homens e promove os valores humanos, tais como: solidariedade; força; coragem; fidelidade. A fé enriquece o homem na sua personalidade e no compromisso com a sociedade. O homem sozinho mergulhado na angústia da solidão, provocada por valores egoístas, jamais poderá sentir-se feliz ou realizado. Para almejar a felicidade, o homem precisa necessariamente de amar e ser amado. O materialismo reduz o amor apenas à amizade interesseira e ao sexo. O mundo Ocidental está submerso no materialismo e as correntes que o oscilam ameaçam arrastar toda a humanidade para a profundeza de um abismo onde reina a escuridão intelectual.

Negas o espírito superior, chafurdas na mediocridade!


Retirado do blog Filosofia Tradicional

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